A história do distrito de Olhos D'Água está intrinsecamente ligada à Feira do Troca. Tudo começou com a iniciativa da Professora Laís Aderne e seus amigos, que perceberam o potencial dos produtos artesanais produzidos pelos moradores locais para uso doméstico. Com essa percepção, surgiu a ideia de criar um meio para promover o comércio desses produtos.
Inicialmente, a feira funcionava por meio de escambo ou gambira, ou seja, a troca de mercadorias por outros objetos, como roupas e eletrodomésticos, o que originou o nome "Feira do Troca". Essa prática de trocas era uma forma de incentivar a comunidade a valorizar o trabalho dos artesãos e estimular a economia local.
Aproximando-se de sua 100ª edição, a Feira do Troca ocorre duas vezes ao ano, sempre no primeiro fim de semana de junho e dezembro. Com o passar do tempo, a feira passou por algumas transformações e expandiu seu formato. Além do artesanato, tornou-se um evento que também oferece comidas típicas, shows ao vivo e apresentações culturais, enriquecendo ainda mais a experiência dos visitantes.
Apesar das mudanças, a Feira do Troca nunca perdeu sua essência e tradição de possibilitar trocas entre os participantes interessados. Essa prática continua a ser valorizada, proporcionando uma oportunidade única de interação e de preservação das relações comunitárias.
Portanto, a Feira do Troca de Olhos D'Água é um evento enraizado na história e cultura local, que evoluiu ao longo dos anos, mantendo viva a tradição das trocas e agregando novos elementos que encantam e surpreendem os visitantes.
Abaixo, você encontra um texto do Professor Armando Faria, fazendo um pequeno resumo da feira:
BREVE HISTÓRIA DA FEIRA DO TROCA
Data de agosto de 1967 o primeiro contato civilizador da Cidade Grande com o pequeno Olho d’Água, (assim, mesmo, no singular), então o nome oficial do Novo Município que se desmembrara de Corumbá de Goiás, em 1959, e que logo seria trasladado para as margens da BR-060, à época sem topônimo, hoje Alexânia.
Foi um casal de professores de Brasília que acabara de comprar uma pequena propriedade rural em seus arredores que descobriu esse Povoado espantosamente pobre e abandonado, depois da dramática e truculenta usurpação de sua sede municipal.
Tal descoberta despertou na Nova Capital, uma grande curiosidade e espanto, sobretudo na Comunidade Universitária, ao ser revelada a situação degradante daquele povo, completamente desassistido e hostilizado pela Administração Municipal que se instalara na BR. Tais relatos, naturalmente, provocaram singular comoção entre os colegas professores que, já em 1968, formaram um grupo de estudos visando desenvolver algumas ações que pudessem minorar o sofrimento dessa gente carente e marginalizada.
Era urgente ajudar aquela Comunidade sem calçado, sem roupa nem agasalho, sobretudo no período do frio: além da alimentação escassa e pobre, a moeda circulante era praticamente desconhecida, obrigando-a, para sua sobrevivência, à prática do escambo, trocando dias de serviço por grãos (feijão e arroz), e em que um dia de trabalho de sol a sol, não valia mais que um quilo de toucinho. A proposta de ajuda, porém, teria que salvaguardar a dignidade dessa gente sofrida, propondo-lhe um modelo já conhecido do seu cotidiano – a gambira: trocar seu rústico artesanato por bens de Brasília que lhe minorasse o sofrimento. Um socorro sem humilhação. Estava, assim, inventada a Feira do Troca, fruto da mente criadora e devotada de Laís Aderne, a inesquecível mentora desse projeto a que dedicou a maior parte de sua vida.
Depois de algumas “feiras de ensaio” de pleno êxito e muita alegria, foi anunciada a histórica Primeira Feira do Troca oficial de Dezembro de 1972.
Estamos comemorando, agora, seu aniversário de 40 anos, na octogésima Feira do Troca Neste Junho de 2013 com uma grande e memorável festa de confraternização.
BEM VINDOS, TODOS, A OLHOS D’ÁGUA PARA ESSA COMEMORAÇÃO !
Texto de autoria do professor:
ARMANDO FARIA