Manipulação de informação é uma tática política por vezes eficiente.
Vimos a notícia recente de que a equipe de campanha do presidenciável norte americano Donald Trump usou agências de notícias Russas para criar factoides instigando a polarização na terra do Tio Sam, que gerou a pseudonecessidade de proteger o país dos invasores estrangeiros. Pela diferença tão pequena na vitória de Trump, não é demais dizer que este clima de terror levou uma boa parcela a votar no republicano na ânsia da salvação do povo americano, e consequentemente a vitória de Trump. Anos antes, o presidente Gerge W. Bush fomentou a notícia de que havia armas nucleares no Iraque, justificando a caçada ao líder (Ditador) Saddam Hussein. Logo depois confirmou-se a mentira da informação, e nenhuma bomba foi encontrada.
No Brasil, recentemente, a mídia teve papel crucial nos rumos da política nacional. Incitou manifestações, criou líderes passageiros, tudo para atender aos interesses de certa parcela de amigos da política em todos os níveis.
Enquanto a principal emissora de televisão dedica de forma desproporcional seu tempo a noticiar assuntos dos dois lados políticos, a neo-direita raivosa brasileira se ocupa em desviar a atenção de temas relevantes, jogando os holofotes em discussões do “sexo dos anjos”, ao mesmo tempo que seus líderes e amigos são indiciados e condenados à prisão e perda de mandato. Ao invés de discutir sobre a imoral votação secreta no Senado, da necessidade de medidas judiciais terem anuência do Congresso para sua aplicação, protegendo políticos comprovadamente corruptos, grupos como o MBL (DEM disfarçado de movimento social) se revoltam com manifestações artísticas em local fechado onde só vai ver quem quiser ver.
Discussão sobre o que é arte por quem nunca foi em um museu é no mínimo patético. Discutir sobre o nu artístico e a pedofilia em praça pública, enquanto 90% dos casos de pedofilia acontece dentro de casa, entre parentes, é a demonstração de que o combate a pedofilia não é o foco da discussão.
Não vamos cair nas armadilhas preparadas para desviar a atenção dos problemas verdadeiros em nossa sociedade. O atual presidente da república tem a maior rejeição popular da história; tem a segunda denúncia de crime enviada para análise do congresso; sua equipe ministerial é composta com 15 ministros investigados na Lava Jato; é citado nas principais delações da Lava Jato; mas o problema eleito pela mídia para estampar as capas de jornais é saber se o nu é arte ou não.
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Michael Felix, é professor de História, pós graduado em História da África e Cultura Afrobrasileira pela UnB, Oficial R2 do Exército Brasileiro, atual Secretário de Educação de Alexânia.